O estudo da comunicação tem origem em finais do século XIX. Embora já na Grécia Antiga se estudassem algumas das suas componentes, não se estudava, ainda, a comunicação como um todo. Assim, só no século XX é que se chegou ao conhecimento teórico que permitiu dividir a história da comunicação nos seus diversos momentos. Mais ainda, o contínuo trabalho desenvolvido nestes estudos permitiu distinguir diferentes contextos educativos, os quais se associam a cada etapa da comunicação.
A primeira fase, a comunicação interpessoal, corresponde às primeiras tentativas de comunicação do Homem. Falamos dum período em que o único medium existente era o próprio Homem, um período em que as limitações da mente humana obrigavam a que a emissão da comunicação se realizasse na presença dos seus destinatários. O Homem não sabia como comunicar senão pela conjugação da sua voz com os seus gestos. Desta forma, os limites espaciais e temporais da comunicação eram extremamente elevados: cada comunicação estava limitada a uma pequena área em torno do seu pontos de origem e ao momento em que se realizava. Para ultrapassar estas limitações surgiram mensageiros e contadores, pessoas cujo único objectivo era o de expandir, respectivamente, o alcance de uma mensagem e a sua duração. Esta etapa da comunicação tinha, na sua base, a comunicação oral e visual. Como tal, a este momento, podemos associar a estrutura educativa da Família, primeira responsável pelo ensino da forma mais básica de comunicação que temos: a expressão oral.
Durante a segunda etapa, a Comunicação de Elite, a humanidade descobre um conjunto de novas linguagens que, em alguns casos, vão permitir vencer as limitações espácio-temporais que existiam. O desenho, a escrita, entre outras, são linguagens novas que vão permitir ao homem transpor o que deseja comunicar para suportes físicos. O Homem conquista a capacidade para registar o que deseja dizer, conseguindo assim que a sua comunicação não se perca no tempo. Contudo, estas linguagens apresentam um grau de complexidade muito maior. O ser humano apercebe-se da necessidade de ensinar a sua descendência para que esta consiga dominar estes novos media. Para este fim, surge uma nova estrutura educativa: a Escola.
A terceira fase da comunicação só vai surgir passados vários séculos. Como o nome indica, a Comunicação de Massa corresponde ao momento em que a informação, o conhecimento e a arte ganham o potencial de se espalharem por uma elevada percentagem da população. Só com Gutenberg e a invenção da imprensa é que o Homem descobre esta potencialidade da comunicação. Contudo, o pico da comunicação de massa só surge no século XX após cinco séculos de contínua evolução tecnológica que permitiram à humanidade assistir à criação e vulgarização dos mass media: o livro, o jornal, a rádio, o cinema, a televisão. Os mass media formaram uma nova estrutura educativa, uma estrutura que “ensina” continuamente milhões de pessoas em simultâneo: a Escola Paralela.
A etapa final da história da comunicação é a Comunicação Individual. Esta fase nasce com os media individuais, ou self-media, os quais conferem ao Homem uma enorme facilidade em informar e informar-se. Ou seja, estamos a falar da Internet, a qual permite a qualquer pessoa ser, simultaneamente, emissor e receptor no processo comunicativo. Em termos de estruturas educativas, isto traduz-se no surgimento da Auto Educação, uma estrutura que vai causar grandes alterações nas restantes estruturas, nomeadamente na Escola. Visto que o aluno passa a ter a capacidade de se auto educar, de procurar o conhecimento e a informação por si mesmo, o professor passa a ter um papel de facilitador da aprendizagem, isto é, passa a poder preocupar-se, principalmente, com as suas funções formativas.
Esta é uma versão resumida do trabalho sobre a Perspectiva Histórica da Comunicação, segundo trabalho que realizei no âmbito da disciplina Teorias e Modelos de Comunicação. Para quem quiser ler a versão integral, fica aqui disponibilizada.